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Minicvs e Resumos

 

Angela Gutiérrez é doutora em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde realizou também pós-doutorado. Professora aposentada do Departamento de Literatura, foi uma das fundadoras do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará, de que foi coordenadora. Foi Diretora (fundadora) do Instituto de Cultura e Arte - ICA da UFC e Diretora da Casa de José de Alencar, que congregam e administram os órgãos e equipamentos culturais, cursos e projetos na área de arte da instituição.  Principais áreas de atuação:Literatura e História; Literatura sobre Canudos; José de Alencar, Machado de Assis, Euclides da Cunha e Mario Vargas Llosa; Cidade de Fortaleza e Cultura e Arte. Entre suas publicações estão O mundo de Flora (romance, 1990), Vargas Llosa e o romance possível da América Latina (ensaio, 1996), Canção da menina (poesia, 1997), Avis rara (ficções, 2001); Os Sinos de Encarnação (contos, 2012) e Luzes de Paris e o fogo de Canudos (romance, 2006). Organizou, em colaboração com Sânzio de Azevedo, o livro Iracema, lenda do Ceará, 2005, edição comemorativa dos 140 anos de publicação do romance de José de Alencar. É membro da Academia Cearense de Letras, da qual é Diretora Cultural, do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) e da Academia Brasileira de Letras.

 

Artur Almeida de Ataíde é bacharel em Letras pela UFPE (2005), mestre em Teoria da Literatura (2008) pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), com trabalho sobre a poesia de Mário Faustino (publicado em livro em 2010), e doutor em Teoria da Literatura (2013) pelo mesmo programa, com tese que discute, a partir de uma leitura da poesia de Dante e de suas traduções para o português, a importância das relações entre corpo, história e métrica para a abordagem teórica, crítica e tradutória do poema. Atualmente é pós-doutorando em Estudos da Tradução pela PGET (Pós-Graduação em Estudos da Tradução), da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) com Bolsa PDJ do CNPq. Tem publicados, em meios tanto acadêmicos quanto jornalísticos, artigos, ensaios e traduções de poesia. Áreas de interesse: poesia, tradução de poesia, crítica literária, teoria da tradução e teoria da literatura.

Resumo: Pierre Menard, personagem de conhecido conto de Borges, ao ler o Quixote, o amplia, o transforma. No mesmo sentido, e ainda de acordo com visões de Borges, cada tradutor de um mesmo poema, ao publicar sua tradução, torna visível um original novo, que ali não estava, e agora é patente. Com seus Nove ensaios dantescos, de 1982, Borges forneceria elementos para se pensar o mesmo sobre a relação de sua própria obra com certos elementos da Comédia: numa violência à cronologia, semelhante à de Menard ante Cervantes, somos insidiosamente convidados a ver o que há de borgiano em Dante, assim como viu Borges certa vez o que há de kafkiano em Zenão de Eleia. O livro que é símile do universo inteiro (“A biblioteca de Babel”, ou mesmo “O Aleph”), a falácia dos universais abstratos (“Funes, o memorioso”), o jogo lógico da parte que é o todo e que faz do todo parte de si mesmo (caso de algumas kenningar), e mesmo os mitos da antiga Inglaterra, desse modo, são temas borgianos ali apresentados como também dantescos: é o que pretende deixar claro o elenco de exemplos reunidos e comentados no presente trabalho (entre mencionados e não mencionados pelos Nove ensaios). Num processo de contaminação mútua, assim traduziria Borges de outras culturas – não só da italiana – a literatura original que, sim, inaugura com seus livros.

 

Cristiane Agnes Stolet Correia é Professora Adjunta de Literaturas Hispânicas na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Tem graduação em Letras (Português-Espanhol), Mestrado e Doutorado em Ciência da Literatura (Poética) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atua principalmente na área de Literatura Hispânica e na conjunção arte-filosofia.

Resumo: Propõe-se apresentar brevemente alguns pontos temáticos de interseção entre a obra do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) e a do espanhol Miguel de Unamuno (1864-1936). O procedimento a ser adotado será uma atenta análise do conto borgiano Las ruinas circulares (1940), em diálogo com o pensamento do escritor espanhol, com base principalmente em seus textos Niebla (1914), El otro (1926), Del sentimiento trágico de la vida en los hombres y en los pueblos (1913)  e San Manuel Bueno, mártir (1930). Objetiva-se retomar a noção unamuniana de bufonada trágica / tragedia bufa, associando-a ao fantástico e adentrar algumas fusões implicadas nas obras dos dois autores, como realidade-vigília/ficção-sonho e repetição/diferença. Percebendo a apreensão dos paradoxos dos hispânicos, busca-se reconfigurar o enigma do homem.  

 

Fabiano Seixas Fernandes possui graduação em Licenciatura em letras: inglês (1999) e doutorado em Literatura (2004), ambos pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atuou como professor substituto na mesma instituição (2008­-9). Atualmente, é professor Adjunto, nível II, de Língua Inglesa e Literaturas na Universidade Federal do Ceará e professor da Pós-graduação em Estudos da Tradução (POET/UFC). Tem pesquisa em tradução poética, e vem traduzindo a obra poética do escritor inglês John Milton.

Resumo: Rosemary Arrojo é um dos nomes brasileiros de maior destaque internacional na área dos Estudos da Tradução. Volumes como O signo desconstruído (1992), Tradução, desconstrução e psicanálise (1993) e seu breve Oficina de tradução: a teoria na prática (1986/2007) são internacionalmente citados, especialmente no tangente às contribuições para a disciplina oriundas da desconstrução. Baseando-se em uma leitura de “Pierre Menard, autor del Quixote” (1939), conto do escritor argentino Jorge Luis Borges, Oficina de tradução parte do que Arrojo chama de uma teoria menardiana de linguagem e tradução, e propõe a substituição da visão do texto como vagão de carga (e a consequente visão da tradução como transferência) pela visão do texto como palimpsesto (atrelada à da tradução como interpretação). Proponho uma leitura do uso que Arrojo faz do conto de Borges como alegoria do processo tradutório.

 

Fernando Loustaunau, nascido em Montevidéu, é escritor e crítico de arte. É diretor, desde 2010, do Museo de Artes Decorativas de Montevideo. Publicou vários ensaios sobre figuras como Lautréamont e textos de ficção, entre os quais se destacam Pot Pot (Buenos Aires: Último Reino): 14 (Salerno: Oedipus), Diario de un demócrata moribundo (Montevideo/Buenos Aires: Planeta), e Emma, karma de Borges (Montevideo/Buenos Aires: Random House), que recebeu o Premio Bartolomé Hidalgo. Foi curador e autor de numerosos ensaios sobre artes plásticas em diversos países. Teve bolsa do National Endowment for the Humanities (NEH) na la Columbia University,de Nova York. Atuou como docente em universidades do Uruguay (Ort, Centro Regional de Profesores del Uruguay) e foi professor convidado na Università degli Studi di Salerno, na Itália e deu cursos e conferências em universidades da Alemanha, Argentina, Estados Unidos, Espanha, França e Itália.

 

 

Graciela Ravetti é Professora Titular em Estudos Literários na Faculdade de Letras da UFMG. Pesquisadora I-D do CNPq, Diretora da Faculdade de Letras para o período 2014-2018 e Pesquisadora (PPM) da Fapemig, Pesquisadora visitante no Queen Mary, University of London. Foi Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Estudos Literários da UFMG. Tem Mestrado e Doutorado em Letras (Língua Espanhola e Literatura Espanhola e Hispano-Americana) pela Universidade de São Paulo. Cursou o professorado em Letras e a Licenciatura em Letras na Universidad Nacional de Rosario. Possui mais de 100 publicações, entre livros, capítulos de livros e artigos publicados em periódicos especializados. Coordena dois projetos internacionais: um com pesquisadores da University of London e outro com a Universidad de La Plata. Pesquisa principalmente os seguintes temas: teoria e critica da literatura, América Latina, Literatura Argentina.

 

Marcelo Bueno é professor e tradutor licenciado em Letras Português-Inglês pela Universidade Estadual deo Paraná e doutor em Estudos da tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina, onde também realizou seu pós-doutorado na mesma área. Atualmente, é professor do departamento de Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Organizou com Pedro Heliodoro Tavares e Walter Carlos Costa o livro Tradução e psicanálise (7Letras, 2013).

Resumo: O conto “El espejo de tinta” é uma tradução fictícia de Jorge Luis Borges publicada inicialmente em 1933 na Revista Multicolor de los Sábados, suplemento do jornal portenho Crítica, e posteriormente incluída na seção “Etcétera”, de Historia universal de la infamia (1935). No periódico apareceu sem indicação de tradutor e com autoria parcial subentendida como do inglês Richard Francis Burton, porém sem menção de fonte. Já no livro, o crédito a Burton se manteve, agora com a referência de que provinha da obra [sic] The lake regions of Equatorial Africa e com Borges assumindo o papel de tradutor. As fontes mais evidentes para a escrita da história resultam da inspiração do escritor em suas leituras das Mil e uma noites e de um capítulo do volume An account of manners and customs of modern Egyptians (1836), do também inglês Edward William Lane, orientalista adversário de Burton quanto à tradução das narrativas de Sahrazad. Deste modo, Borges passa a representar a síntese das figuras inimigas de Burton e Lane em uma pseudotradução que antecipa o tema do Aleph.

 

Marc Charron é, desde 2007, professor adjunto da Escola de tradução e interpretação da Universidade de Ottawa, Canadá, onde foi também Diretor da Pós-Graduação em estudos da tradução de 2008 a 2010 e de 2012 a 2014. Ensina tradução literária e especializada do espanhol e do inglês para o francês, e coordena o seminário “Discurso e tradução” no mestrado e no doutorado. Ė codirector da coleção Literary Translation/Traduction littéraire da University of Ottawa Press/Les Presses de l'Université d'Ottawa. É membro de conselhos e comitês editoriais e científicos de periódicos internacionais de estudos da tradução no Canadá, no Brasil e na Romênia. Sus pesquisas principais tratam da história da tradução do Dom Quixote para o inglês e para o francês, e também da globalização dos intercâmbios literários (especialmente no contexto das Américas). Nos últimos anos, tem atuado como professor visitante em várias universidades do Brasil, do México, da Argentina e da Colômbia.

Resumo: Tomando como ponto de partida a análise textual da tradução francesa de Roger Caillois do conto “El cautivo” de Borges, feita pelo linguista Jean-Michel Adam no seu livro Introduction à l’analyse textuelle des discours, de 2011, chamo a atenção, de um lado, para as vantagens (para os estudos atuais da tradução) de um modelo crítico que retoma o texto “em seus mínimos detalhes”, e, por outro lado, destaco os limites de um método que, de forma inerente, exclui a potencialidade discursiva de uma aproximação plural do texto traduzido.  

 

Maurício Santana Dias é professor de Literatura Italiana e Estudos da Tradução da USP, crítico literário e tradutor. É autor de A Demora: Claudio Magris, Danúbio, Microcosmos (Lumme) e tradutor de 40 Novelas de Luigi Pirandello (Companhia das Letras), Trabalhar Cansa (Cosac Naify/7 Letras), O príncipe (Penguin/Companhia das Letras) e Decameron (Cosac Naify), entre outros. Atualmente prepara uma edição das cartas de Italo Calvino e uma antologia de poemas de Pier Paolo Pasolini.

Resumo: Passando em revista os lugares privilegiados em que Jorge Luis Borges pensou a traduções, como o “Pierre Menard”, as traduções homéricas, as Mil e uma noites e outros, esta fala pretende mostrar como a operação tradutória se constitui como núcleo gerador da própria noção borgiana de cultura, uma espécie de “visão do mundo” que aproxima coisas distantes e torna estrangeiro o que parecia próximo.

 

Robert de Brose Pires é professor de Letras Clássicas da Universidade Federal do Ceará. Bacharel em Língua e Literatura Grega, mestre e doutor em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é membro permanente do Programa de Pós-graduação em Estudos da Tradução (POET) da Universidade Federal do Ceará e líder do Grupo de Pesquisa no CNPq "Tradução e Recepção dos Clássicos". Tem interesse na língua e literatura grega (antiga e moderna), latina, sânscrito-védica e nórdica antiga e na poesia trovadoresca provençal e galego-portuguesa. Dentro dos Estudos da Tradução, interessa-se pela problematização benjaminiana do processo tradutório, pela revolução transcriativa levada a cabo no Brasil por Haroldo e Augusto de Campos e pelas novas perspectivas e abordagens abertas pela Linguística e Poética Cognitivas, sobretudo nas formulações de Langacker, Lakoff, Johnson e Kövecses. Finalmente, tem interesse nos estudos da oralidade e em como a pesquisa etnográfica de sociedades orais do presente pode nos ajudar a entender a oratura de povos da Antiguidade.

Resumo: A presente comunicação pretende explorar, através do conto de J. L. Borges, “La busca de Averroes”, a problemática envolvida na translação de gêneros literários culturalmente ligados a Modelos Cognitivos Idealizados não-existentes (ou não-coincidentes) na língua e cultura de chegada. Neste conto, Borges nos relata a aporia de Averroes ao tentar traduzir para o árabe os conceitos gregos, como delineados na Poética de Aristóteles, de tragédia  e comédia, uma vez que, em sua língua, não havia nenhuma palavra que abarcasse todas as ramificações e implicações dos termos gregos. O conto de Borges é um ponto de partida interessante para refletir, sob a ótica da Linguística e da Poética cognitivas, acerca das complexidades envolvidas na tradução de obras de culturas tão diversas, tanto no tempo quanto no espaço.

 

Walter Carlos Costa tem graduação em Filologia Românica pela KU Leuven, Bélgica, doutorado em Inglês pela University of Birmingham, Inglaterra, e pós-doutorado pela UFMG. É professor do Departamento de Língua e Literatura estrangeiras da UFSC e atua na PGET (Pós-Graduação em Estudos da Tradução), de que é um dos fundadores. Pesquisa literatura hispano-americana (sobretudo a obra de Jorge Luis Borges), Estudos da Tradução (especialmente a conexão entre literatura traduzida e literatura nacional) e literatura fantástica francesa. Traduz do espanhol, inglês, francês e neerlandês. Traduziu, entre outros, Florença, um caso delicado, de David Leavitt (Companhia das Letras), e, com Pablo Cardellino Soto, As Hortensias, de Felisberto Hernández (Grua) e O colóquio dos cães, de Miguel de Cervantes (Editora Unicamp). Foi presidente da ABRAPT (Associação Brasileira de Pesquisadores em Tradução) na gestão 2010-2013). Atualmente está em colaboração técnica no Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal do Ceará, onde atua na área de língua e literatura francesa e na recém-fundada POET (Pós-Graduação em Estudos da Tradução). É pesquisador do CNPq.

Resumo: Jorge Luis Borges foi um grande leitor de literatura francesa, de que tinha uma visão bastante pessoal. Essa visão pessoal se manifesta, tipicamente, em sua preferência por autores considerados menores, ou por obras consideradas menores de grandes autores. Esse cânone heterodoxo nasce de um olhar transnacional e transtemporal, fruto de décadas de leitura atenta de textos orientais e ocidentais. Certos temas e procedimentos são privilegiados, entre eles o fantástico, que para Borges é menos um gênero histórico do que um traço central da literatura de todos os tempos e lugares. Embora não tenha escrito nenhum estudo sobre a literatura francesa, como fez com a inglesa, a norte-americana e as germânicas antigas, as preferências borgianas aparecem em vários ensaios, prólogos e entrevistas. Aparecem também na coletânea Biblioteca de Babel, organizada por Borges a pedido do editor italiano Franco Maria Ricci. Dos 33 volumes dessa coletânea, publicada primeiro em italiano e, em seguida em espanhol, 4 são dedicados a autores franceses: Léon Bloy, Villiers de L'Isle-Adam, Jacques Cazotte, Voltaire e Antoine Galland. A escolha de Borges acomoda, portanto, escritores dos séculos XX, XIX e XVIII, sendo um deles tradutor. Nos prólogos a esses volumes, Borges atribui um lugar de destaque ao fantástico na literatura francesa e ao fantástico francês no fantástico internacional. Finalmente, unindo tradução e autoria, coloca no centro do fantástico francês as Mil e uma noites, traduzida por Antoine Galland.

 

Yuri Brunello é professor Adjunto de Língua Italiana da Universidade Federal do Ceará. Já foi professor da Universidade Federal do Paraná e visiting researcher na Concordia University of Montreal. Tem doutorado pela Università “La Sapienza” di Roma e mestrado pela Universidade Federal da Bahia. Pesquisa especialmente a produção e o legado de Luigi Pirandello, a cultura do barroco, a literatura latino-americana e a filosofia de Antonio Gramsci.

Resumo: Em “Borges e yo” (incluído em El hacedor, de 1960), Borges mostra a cisão entre o autor empírico e o autor “ideal”, associando a questão do autor à problemática do outro. No final da Segunda Guerra Mundial, Alberto Savinio, escritor “modernista” italiano e irmão do pintor Giorgio De Chirico, tinha publicado Maupassant e l'Altro, biografia heterodoxa de Guy de Maupassant, também voltada - desde o titulo - para a averiguação, com os meios da criatividade artística, do nexo entre o “autor” e o “outro”. Apesar das semelhanças, a representação do outro em Borges e a representação do outro em Savinio difere em alguns aspectos decisivos: Savinio concebe o outro como expressão da “outra cena” de um inconsciente “pulsional”, enquanto em Borges o outro tem uma conotação - antes de mais nada - linguística. A nossa contribuição tentará aprofundar tais diferenciações entre o texto de Savinio e o texto de Borges, assim como os pontos de contacto entre as duas composições.

 

 

 

 

 

 

 

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